11° dia: Mendoza - Alta Gracia

Saímos de Mendoza com a sensação de querer aproveitar mais. 

Muitas estradas levam a Córdoba, coloquei os dados no GPS e o seguimos.

Nos perdemos algumas vezes, a Lilian, eu, e o GPS. Pegamos uma estrada e o atendente de um posto de gasolina nos disse que para chegarmos a Córbora era só seguir a estrada. E foi isso que o fizemos. Ele falou  que depois de 400 km estaríamos lá. Pois bem! Rodamos uns 150 km e perguntamos para outro atendente de outro posto e ele disse que eram mais 450 km. Cacete, essa conta não estava batendo! Quando fui perguntando mais detalhes do caminho pra esse segundo atendente, o cara começou a falar tão rápido que ficou praticamente impossível de entender. Eu só dizendo "Sí, sí", mas na verdade não estava entendendo bulhufas.

Pela primeira vez quase ficamos sem combustível. A moto entrou na reserva e começou a falhar, mas graças a Deus deu tempo de chegar em uma cidade para abastecer.

Seguimos pela estrada que, derrepente, começou a ficar com o asfalto ruim e do nada começa uma estradinha de terra. Na hora eu gelei porque pelas minhas contas ainda faltavam uns 200 km. Achei que não chegaríamos a Córdoba ainda durante o dia, mas mais uma vez, pela Graças de Deus, andamos só uns 5 km nessa estrada e o asfalto voltou.

Avistamos uma serra com o tempo todo nublado, com se uma tempestade estivesse se formando. E adivinhem para onde a estrada nos levou?

Pois é! Colocamos as capas para não correr o risco de tomar chuva (pois era uma senhora chuva) e diminuir o frio que só aumentava conforme entrávamos na serra.

Subimos a serra e de lá víamos que em toda a Argentina fazia sol e calor, mas onde estávamos chovia e fazia frio. Por fim, pegamos só um pouquinho de chuva e eu nem me molhei direito, rs!

Demoramos muito pra chegar em Córdoba. O que era 400 km acabou virando mais de 700 pelas minhas contas. Na minha cabeça eu imaginava uma cidade igual a Mendoza ou, pelo menos, parecida. Quando chegamos, porém, vimos que era uma cidade igual a SP. O maior trânsito, muita, muita e muita gente, taxistas assassinos, nervosos e folgados... Crééédo!!!

O engraçado foi ver pessoas nos carros, nos ônibus e nas ruas tirando foto da gente! Me senti um ET na nave espacial "La gordita" invadindo a Terra, rs. Um senhor motociclista que parou ao nosso lado no semáforo começou a bater palmas pra gente e todos que estavam no ônibus ao lado ficaram olhando... As pessoas ficarem olhando admiradas pra gente aconteceu muito na viagem, tanto no Chile quanto na Argentina.  Nos postos de gasolina e quando chegávamos em algum lugar, muita gente vinha perguntar de onde éramos, pra onde iríamos, perguntavam sobre a moto, etc... Mas igual dessa vez não aconteceu (e espero sinceramente que não aconteça de novo!).  

Me lembro agora que em um dos postos policias na Argentina um guarda nos parou. Desliguei a moto e ele pediu pra eu ligar e acelerar, acelerei e ele gritando "Más um poquito, más um poquito..." com os olhos fechados como se tivesse tendo um orgasmo, kkkk foi muito engraçado!

Resolvemos procurar hotel e uma casa de câmbio já que nossos pesos argentinos estavam no fim. Nos indicaram a única da cidade que poderia estar aberta aquela hora. Fomos a pé. Eu já estava irritado pelo fato de não encontrarmos hotel, pelo cansaço e pelo calor. Avistamos casa de câmbio e quando colocamos o pé lá dentro um funcionário fecha a porta e vira a plaquinha de "abierto" para "cerrado" . Se demorássemos dois segundo não teríamos entrado.

Nessa hora a Lilian com toda a sua sabedoria me fala em vermos só o lado bom de tudo aquilo. Mudei radicalmente meu humor e tudo ficou mais tranquilo.

Depois de muita procura, não achamos um só lugar legal para dormir e resolvemos ir para uma cidade vizinha chamada Alta Gracia (mais 30 km apenas). Esta cidade já estava em nossos planos, uma vez que gostaríamos de visitar a casa onde viveu Che Guevara e que, atualmente, é um museu em sua homenagem.

Saindo da cidade avistei uma oficina da Honda e resolvi parar e perguntar se eles poderiam trocar o óleo da moto, pois já tínhamos rodado mais de 5 mil km. O Léo, dono da oficina, disse que não conhecia a mecânica da Suzuki, mas me ajudaria a "cambiar o aceite".

Ele acabou trocando sozinho e não quis me cobrar nada, pois disse que eu era um irmão motociclista.

"Léo (como o Da Vinci), muchas gracias por cambiar el aceite de mi moto!!!". Mais um anjo que encontramos no meio do nosso caminho! Ele disse que "para pessoas como nós" nunca cobrava pelo serviço. Tenho certeza que muitos outros motociclistas já tiveram a sorte e o prazer de conhecer o Léo!!!

Depois de rodar mais 30 km, chegamos em Alta Gracia e resolvemos ir direto para o museu para depois arrumarmos um hotel próximo. Tiramos uma foto da nossa "La Poderosa" na frente da casa e seguimos para um hotel no centro da cidade (é tudo muito perto). Comemos em um restaurante que servia comida fria (nós mesmos esquentávamos o nosso prato em microondas espalhados pelo restaurante). É cada uma que vemos.. kkkk

O Hotel que ficamos hospedados fica na rua principal da cidade e tem tudo aqui perto. Mas quero deixar registrado que tenho a certeza ser este hotel uma casa de repouso (a Lilian morre de rir toda vez que falo isso).

Tomamos um sorvete e cama. Amanhã vamos para o museu de Che Guevara.